quarta-feira, 3 de abril de 2013

                  UM SALVADOR RODRIGUES, ‘MELHORADO’?!...
                                                                    Francimar Moreira


Felizmente, não sou o único a achar que Imperatriz está, de fato, precisando de um administrador!... Sábado, 23 de março de 2013, no início da noite, encontrei-me, por um acaso, nos corredores de uma loja aqui mesmo localizada, com um dos mais cultos, viajados e respeitados – seja como uma pessoa ilibada que é, ou profissionalmente, – cidadão de nossa urbe, o qual, após um bom papo sobre a conjuntura política brasileira, sapecou:
 – O prefeito que aí está é um Salvador Rodrigues, ‘melhorado’!

Foi uma surpresa ouvir tal afirmação. Não por discordar dela, afinal, venho dizendo que a atual administração é muito ruim, já há um bom tempo. Mas, porque não esperava que, discreto como é aquele cidadão, chegasse a revelar o que, de fato, pensa. A surpresa fez-me pedir-lhe que justificasse sua opinião, enumerando alguns fatos que considerasse escabrosos. Afinal, sempre o considerei um dos cidadãos mais discreto, decente e educado que há em Imperatriz, e, não esperava ouvir dele, tão absoluta e veemente verdade.

Sua serena explanação deixou-me esperançoso de que esteja começando a brotar nas consciências lúcidas de nossa gente, uma visão crítica mais aguçada sobre a nossa realidade político-administrativa. Logo, imaginei cada vez mais gente começando a se libertar do véu encardido e malcheiroso que impede a percepção – seja através do intelecto, da visão, ou por via olfativa – da putrefata imundície que conspurca a classe política brasileira, e passando também a compreender a dimensão do malefício que essa categoria de saqueadores está causando ao povo brasileiro.   

A essa altura, mais dois conhecidos haviam se integrado à nossa conversa e, um deles protestou contra a comparação, alegando que o Salvador Rodrigues, até mesmo por sua condição de pessoa simples que ascendeu ao cargo de prefeito de Imperatriz, não cometeria o desatino de autorizar uma construção em cima de uma AVENIDA, nem tão pouco aceitaria que essa construção, avaliada em cerca de cem milhões de reais, fosse averbada em cartório POR MEIO POR CENTO DE SEU CUSTO (...).

 Retomando a palavra, disse-me, incisivamente, o meu caríssimo interlocutor:
– Francimar, assisti as suas entrevistas, li o seu folder... E quero comprar o seu último livro!... Mas, asseguro-lhe que existem muito mais coisas horríveis na atual administração de Imperatriz, muito embora, furtar ou autorizar a ocupação das vias públicas, seja de fato, uma assombrosa estupidez!...  

Em seguida, de forma catedrática e demonstrando conhecimento de causa, começou a desfiar malfeitorias de nossa mesquinha e incompetente administração municipal:
– A primeira, a construção do shopping, que tomou três ruas, e, que a princípio não foi autorizada, porém!... (...); a segunda, aquela edificação que está sendo feita na Avenida Getúlio Vargas, esquina com a Rua Rio Grande do Norte, invadiu o passeio público, foi embargada e, um secretário municipal a visitava todo dia, durante o embargo. Certamente, pós os acertos conciliatórios, a obra continuou; mesmo irregular. (cadê os vereadores?!...); a terceira; a quarta; a quinta; a sexta; a sétima; a oitava; a nona, a décima!...

Após um minucioso relato, recomendou-me, com ar professoral:
 – Amigo, Francimar, vá ao cartório tal, requeira uma certidão de averbação do imóvel onde funciona o Shopping Imperial. Somente com ela em mãos, você pode, de fato, avaliar a dimensão da burrice, da loucura e da irresponsabilidade cometida por quem está à frente da administração pública municipal em Imperatriz!...

 A essa altura, outro dos presentes interveio:
– Está explicado, então, porque esse prefeito tinha de buscar guarida sob o manto protetor do Sarneysmo!...   

Lembrei-me, então, do que havia afirmado e se tornado manchete no mundo inteiro, poucos dias antes, um dos mais ricos e respeitados empresário brasileiro – Jorge Gerdau:
 – O Brasil atingiu o limite em burrice, loucura e irresponsabilidade!...         

 Finalmente, disse-me o meu interlocutor:
– Bem, se você quiser, a gente pode se encontrar em outro momento para conversar mais, agora, eu tenho de levar os ingredientes para o jantar!... 

 Despedimo-nos, então, com ele reclamando, mais uma vez, por eu nunca tê-lo acompanhado em um de seus giros por esse mundão de nosso Deus... Como sempre, mais uma promessa: – quem sabe no próximo..., Doutor!...
– Abraços!...

Saí daquele encontro, profícuo e confortador, em absoluta paz comigo mesmo, afinal, sendo aquele ilustre cidadão considerado, por todos que o conhecem, como um dos mais cultos, honrados e decentes imperatrizense, sua manifestação franca e serena, não somente legitima o que venho dizendo nos últimos anos, como dar às minhas opiniões um caráter muito mais expressivo e, francamente, incontestável.    

Ao constatar que não estou sozinho nesse universo, onde a maioria dos que conhecem os malfeitos silencia em nome da conveniência, procurei, então, guardar no mais recôndito escaninho da memória, para a minha íntima e perene satisfação – não por Imperatriz está sendo desgraçadamente mal-administrado, é lógico! –, aquela frase marcada de pureza d’alma e a idéia, brotada de uma consciência lúcida e imortalizada pela aptidão regeneradora do poder da verdade: “É um Salvador Rodrigues, ‘melhorado’!...”.   
                                 

                                       Imperatriz, 23 de março de 2013

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